domingo, 14 de julho de 2013

Como escolher um estúdio de yoga



Os professores Anderson Allegro, do Aruna Power Yogar, de São Paulo, e Renata Sumar, do Jai Vida Yoga Integral, de Belo Horizonte, concederam entrevista para a Revista Prana Yoga Journal. Confira as dicas e orientações que eles dão aos interessados em começar a prática de yoga.






Eyoga: Se a pessoa nunca praticou yoga antes, como ela deve buscar informações?
Anderson Allegro: O melhor é se informar com amigos ou praticantes de Yoga. Depois, verificar o site da escola que se interessou. Hoje, praticamente todas têm um site e dá para sentir o clima do lugar por ele. O passo seguinte é fazer uma aula.
Renata Sumar: Procuro saber porque a pessoa resolveu buscar o Yoga e também como ela é: se gosta de atividades mais dinâmicas ou mais tranqüilas, e porque está querendo praticar. Procuramos então, juntas, descobrir que prática seria mais adequada, mas a decisão final é do aluno, não do professor.


Eyoga: A pessoa deve fazer várias aulas experimentais antes de escolher o estúdio/professor?
Anderson Allegro: Acho legal que a pessoa faça aulas até que encontre uma que lhe agrade. É importante testar o local. Ver como as pessoas lhe tratam, se parecem interessadas em ensinar ou se querem apenas que você se inscreva. Se nas aulas são dadas informações claras de como executar as posições ou se o professor apenas demonstra e os alunos copiam.


Eyoga: Como ela pode saber se aquele professor é qualificado? O que ela deve prestar atenção?
Anderson Allegro: O espaço de Yoga deve oferecer a possibilidade do interessado participar de uma aula, seja ela gratuita ou paga. Durante a aula, verifique se as instruções são dadas de maneira clara e didática e se o instrutor corrige os praticantes. Veja como são as correções. Se o instrutor toca no aluno, esse toque é suave ou ele força os alunos. Forçar um aluno pode levá-lo a se machucar. O toque do instrutor é sempre um estimulo para o praticante entender um movimento e nunca para que ele vá além de seus limites. Se você tiver que estudar livros, responder questionários ou tornar-se vegetariano antes de iniciar a prática é um sinal negativo. Em geral, nas boas escolas de Yoga, não são solicitados esses pré-requisitos. Quando a pessoa estiver praticando e tiver interesse em ler alguma coisa, o instrutor irá recomendar, mas nunca obrigar.
Renata Sumar: Busque informações sobre o professor, sua formação, seu estilo de vida, procure saber se ele realiza atualizações e se é um professor acessível - sim, pois você terá perguntas e precisa saber se o professor é uma pessoa aberta e atenciosa.

Eyoga: Antes de começar, ela deve passar por uma avaliação médica? Quais são as contra-indicações e cuidados médicos para a prática? Ela deve avisar o professor se tiver algum problema?
Anderson Allegro: É importante que o praticante informe ao professor se tem alguma restrição ou lesão. Se houver restrições, o instrutor irá pedir um atestado médico com informações sobre o que o praticante deve ou não fazer. Problemas de coluna, cardiovasculares, pressão alta ou lesões são as principais restrições à prática do Yoga.
Renata Sumar: Suspeita de gravidez ou gravidez nos três primeiros meses também precisam ser comunicadas ao professor.

Eyoga:
Quais são as qualidades de um bom professor e de um bom estúdio para a prática?
Anderson Allegro: Receptividade aos alunos novos e paciência em lidar com eles; didática e clareza ao dar instruções; corrigir os alunos de forma precisa e suave, sem pressioná-los; estimular o aluno a crescer na prática, mas sem forçar seus limites; não discriminar o aluno pela sua idade, raça ou classe social. O Yoga é para todos. Não tentar influenciar os alunos com seus conceitos ou filosofia. O exemplo é a melhor maneira de os alunos aprenderem a filosofia do Yoga. Um bom instrutor não considera a sua linha de Yoga a melhor do mundo, nem fala mal das outras linhas ou instrutores.
Renata Sumar: Onde chegamos e sentimos uma boa energia, uma sala preparada para nos receber, limpa, clara, ventilada, com acessórios necessários para a prática um toque de incenso e quem sabe uma música para meditação, para que o ambiente já esteja preparado para quando o aluno chegar, se quiser meditar; ter uma recepção clara, limpa, com livros de yoga para quem quiser ler enquanto aguarda, ou seja, um espaço preparado para que o aluno se sinta como em um ambiente seguro.

Eyoga: É melhor ir por indicações de amigos ou seguir a intuição?
Anderson Allegro: Ambos. A indicação de amigos é valiosa, mas é importante que a pessoa sinta-se bem no local e durante a aula. É bom perceber também quem é o amigo que lhe indica. Se for alguém que só fala de Yoga, diminuiu o convívio com familiares e amigos fora do Yoga depois de começar a praticar, acha que o método que pratica é o único método bom, então, é melhor buscar outra indicação.

Eyoga: Quantas aulas/estilos ela deve fazer antes de se decidir?
Anderson Allegro: Quase todos os estilos são bons. O importante é encontrar aquele que se adeque à sua personalidade e condições físicas.

Eyoga: Quais cuidados ela deve ter no início? Por exemplo, tem pessoas que acham que yoga é algo místico e deve seguir certos preceitos. Qual é a orientação que esta pessoa deve receber? O que você recomendaria?
Anderson Allegro:
Nas boas escolas de Yoga não se faz nenhum tipo de doutrinação. O instrutor apresenta os conceitos filosóficos do Yoga, mas o aluno não é obrigado a aceitá-los. A filosofia durante uma ´prática de Yoga deve servir como base para a reflexão e reavaliação dos nosso valores e não para criar dogmas ou misticismos.
Renata Sumar: acho que ela deve seguir o coração. Não há obrigatoriedade de se fazer nada. Cantamos mantras em todas as nossas aulas, mas não obrigo nenhum aluno a vocalizar comigo. Respeito o lugar e momento de cada um, sem julgar. Acho isso muito importante. Se estamos abertos e aceitamos cada um como eles são, eles acabam entendendo que Yoga está além de misticismo ou religião e começam a perceber que ele tem o tempo dele para participar da prática de maneira mais ativa. Em relação a fumar, beber, comer carne, nem toco no assunto. Se existe uma pergunta, conversamos abertamente, mas não tento convencer ninguém de nada. Posso passar a minha vivência, mas sem tentar convencer ninguém que o meu caminho é o caminho certo.




Leia também o artigo de Pedro Kupfer "Como escolher um bom professor de yoga".